segunda-feira, 30 de junho de 2008

Sobreviventes


Responda uma coisa:
Você que teve sua infância durante os anos 60, 70, 80... Como pôde sobreviver???

Afinal de contas...

Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça, nem air-bag!

Íamos soltos no banco de trás fazendo aquela farra! E isso não era perigoso!

As camas de grades e os brinquedos eram multicores e no mínimo pintados com umas tintas “duvidosas“ contendo chumbo ou outro veneno qualquer.

Não havia travas de segurança nas portas dos carros, chaves nos armários de medicamentos,detergentes ou químicos domésticos.

A gente andava de bicicleta para lá e pra cá, sem capacete, joelheiras, caneleiras e cotoveleiras...

Bebíamos água da torneira, de uma mangueira, ou de uma fonte e não águas minerais em garrafas ditas “esterilizadas”...

Construíamos aqueles famosos carrinhos de rolimã e aqueles que tinham a sorte de morar perto de uma ladeira asfaltada, podiam tentar bater recordes de velocidade e até verificar no meio do caminho que tinham “economizado“ a sola dos sapatos, que eram usados como freios e estavam descalços... Alguns acidentes depois, todos esses problemas estavam resolvidos!

Íamos brincar na rua, com uma única condição: voltar para casa ao anoitecer!
Não havia celulares... E nossos pais não sabiam onde estávamos! Incrível!!

Tínhamos aulas só de manhã, e íamos almoçar em casa.

Gessos, dentes partidos, joelhos ralados... Alguém se queixava disso? Todos tinham razão, menos nós...

Comíamos doces à vontade: pão com manteiga, bebidas com o (perigoso) açúcar. Não se falava de obesidade brincávamos sempre na rua e éramos super ativos...

Dividíamos com nossos amigos uma Tubaína comprada naquela vendinha da esquina, gole a gole e nunca ninguém morreu por isso...

Nada de Playstations, Nintendo 64, X Boxes, jogos de Vídeo, Internet por satélite, videocassete, Dolby Surround, celular com câmera, computador, Chats na Internet ... só amigos.

E os nossos cachorros? Lembram?

Nada de ração. Comiam a mesma comida que nós (muitas vezes os restos), e sem problema algum!
Banho quente? Xampú? Que nada! No quintal, um segurava o cão e o outro com a mangueira (fria) ia jogando água e esfregando-o com (acreditem se quiserem) sabão (em barra) de lavar roupa!

Algum cachorro morreu (ou adoeceu) por causa disso??

A pé ou de bicicleta, íamos à casa dos nossos amigos, mesmo que morassem a kms de nossa casa, entrávamos sem bater e íamos brincar.

É verdade! Lá fora, nesse mundo cinzento e sem segurança! Como era possível?

Jogávamos futebol na rua, com a trave sinalizada por duas pedras, e mesmo que não fossemos escalados, ninguém ficava frustrado e nem era o “FIM DO MUNDO“!

Na escola tinha bons e maus alunos. Uns passavam e outros eram reprovados. Ninguém ia por isso a um psicólogo ou psicoterapeuta. Não havia a moda dos “superdotados“, nem se falava em dislexia, problemas de concentração, hiperatividade. Quem não passava, simplesmente repetia de ano e tentava de novo no ano seguinte!

Tínhamos liberdade, fracassos, sucessos, deveres e aprendíamos a lidar com cada um deles!

A única verdadeira questão é: como a gente conseguiu sobreviver???

E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa personalidade?

Se você também é dessa geração, conte isso para seus filhos e sobrinhos, para que eles saibam como era no nosso tempo, sem dúvida vão responder que era uma chatice, mas...

Como éramos felizes!!!


Autor: Dejan Trifunovic

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